Sou muito visual e só preciso fechar os olhos para me transportar para tempos, locais, mundos ou dimensões diferentes. Às vezes não preciso nem mesmo fechar os olhos e sonho acordada. Tudo isso acontece quando estou plenamente consciente.
Mas meus sonhos são o oposto. Meu normal é não lembrar de nada. Já tentei técnicas diferentes, mas acabo me enrolando e no final não lembro de nenhum sonho. Eu raramente desperto durante a noite e, quando isso acontece, o que estava sonhando fica impregnado na minha memória tão fortemente que eu me lembro por décadas como se tivesse acontecido na noite passada.
Essa história ocorreu em algum momento entre 1997 e 1999.
Do ponto em que me lembro, percebi que eu era apenas uma consciência sem corpo físico, pairando no vazio. Olhei para os lados e vi milhares, talvez até milhões de consciências que se deslocavam em um túnel não físico. Procurei ver de onde elas saiam e, para meu espanto, vi ao longe o planeta Terra. Entendi que eu estava no meio do espaço, observando uma quantidade imensa de almas saindo da Terra sei lá para aonde.
Tomei um baita susto e me perguntei “O que está acontecendo?” Como em um passe de mágica, apareceu ao meu lado uma luz sem forma que começou a conversar comigo. Esse ser me respondeu que
Uma grande migração estava ocorrendo
Perplexa, olhei novamente para a Terra e levei minha consciência de volta ao apartamento onde morava. Vi meus pais e irmãos dormindo em suas camas tranquilamente. Perguntei ao ser de luz “Por que eles não estão vindo também?” A resposta foi calma, daquela paz de quem está em dimensões superiores
“É impossível trilhar caminhos que não se sabe que existem.”
Olhei para várias outras pessoas dormindo na cidade, em outras cidades, em outros países. Elas não tinham a mais vaga ideia de que essa grande migração estava ocorrendo. Sem pensar, eu simplesmente soube o que tinha que fazer. Desisti de ir.
Fui atropelada pela tomada de consciência de que eu tinha quase 30 anos de idade e tinha esquecido totalmente que eu deveria avisar todo o mundo de que coisas como aquela estavam acontecendo. Xinguei o véu do esquecimento pós-encarnatório. Muito.
Hesitei por um segundo. Perguntei ao ser de luz “Outro túnel abrirá?” e a resposta foi simples e concisa “Sim. Mas vai demorar.” A hesitação sumiu e eu simplesmente sabia o que tinha que fazer “Então eu volto”, disse.
Acordei assustada e suada na minha cama. Tinha a profunda certeza de que se eu não tivesse escolhido voltar, meus pais encontrariam meu corpo sem vida no dia seguinte.
Desde que isso aconteceu, sei que fiz a escolha certa. Mas também me achei idiota, me arrependi e passei por toda gama de sentimentos negativos. Atualmente acompanho o processo de ascensão planetária com muito mais tranquilidade, mesmo quando estou no olho do furacão. O túnel ainda não reabriu. Mas sei que abrirá novamente ainda nesta minha vida.